quinta-feira, 14 de agosto de 2008

inquietação.


quando fazemos a diferença para alguém?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

em cadeia...

*Menino Terra e Sol - Foto de Karina Bertoncini

para brincar de bola, havia uma bola.

mas, antes dela, havia o campo.

antes, ainda, havia o sol no meio.

e antes até do que pudessemos imaginar, havia um menino.

para brincar de menino, havia uma idéia.

além dela, havia suor de testa.

mais além, ainda, havia correria solta.

muito além disso tudo, havia o sorriso.

todavia, para brincar de sorriso, haveria o quê?

correria solta, menino de suor na testa uma idéia de bola sob sol no meio num campo bom.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Para não dizer...



Para quem se vale do que se sente
Luz
Para quem sente o que se vale
Força
Para quem só vale o que se sente
Medo
Para quem sente só vale
Amor
Para quem?
Flor
O que vale?
Vida


Mas para não dizer
Silêncio.

Grande Amor.

* para meu grande amor, B.



Amo-te tanto
Que jamais suporia amor assim em minha vida
Antes de ter-te em mim
- colo meu no abraço teu
Sorriso limpo, puro, ingênuo
Amo-te tanto
Que olhos, espelho meu,
Turva-se na menor sombra de perder-te
Medo de vida... suposição que afasta o ponto
Amo-te para dizer
Do sentimento que vibra
Da emoção que me toma
Olhinhos teus
Pequeninos que encantam
Pela grandeza que se expande
Na certeza do afeto
Do amor que lhe tenho tanto
Ah... como eu te amo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

amanhã.


*foto de Laura Storch - O Ipê, abaixo da minha janela.


Amanhã fez sol no meu coração, depois de imaginar a chuva no dia de ontem.

Mas, hoje, preferi dizer que andava solto pela rua, sem prestar atençao no vazio que me acompanhará na chuva de ontem. Resolvi parar no meio da calçada lotada de um centro de cidade para lembrar da calma que me envadiu quando morri.

Eu morri amanhã.

E na frente que me aguarda, sentei-me sob um frondosa árvore, onde, agora lembro: marcarei um encontro pretérito com um amigo querido. Se cair uma folha dessa velha árvore enquanto eu sob ela estiver sentado, já sabia eu que de longe ele não viria! Esqueceria ele de lembrar que não há tempo que ande sem voltar atrás no passo que deu à frente.

Mas, Amigo meu, esquecido de mim, pelo tempo que viveremos, não adianda se jogar no futuro enquato presente, passado contínuo, se arrasta ao desalento... Caminhe com o amor que amarás, e venha à minha espera. Senta-te comigo e não me contes nada.

Amanhã a claridade foi tão grande que morri sorrindo.

Morri vivendo sol no coração; rua lotada de gente, árvore velha de sombra fácil, passo a passo do caminho que volta, morri.

Verde de coisas que não sei dizer, morri, assim voando solto para além de mim.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Muito pouco sobre o muito do pouco que teria eu a dizer.


(O que há de pouco no muito que falamos? Falar é o mesmo que dizer? Diz-se muito com poucas palavras? Ou, pouco se diz em muitas plavras? )


Ainda ontem, caminhando pela rua, pensava no quanto de tempo se gasta para se dizer quase nada. No mesmo percurso ainda pensava nas redundâncias desnecessárias que são construídas para simplesmente dizer simples coisas. E eu alí retilíneo no meu caminho falava em pensamento coisas que nem eram diálogos (afinal, há diálogo de um só?). Não haviam ruas a serem atravessadas na minha caminhada; a calçada era longa até o meu destino. Ruas a serem atravessadas são pausas no pensamento, pensei...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Página em Branco.





Seria eu compelido a dizer qualquer coisa que se escreva no repente da palavra.
Mas o que é a palavra senão algo findável? E o Verbo? Seria este a palavra antes de si mesma? Força inicial e fecunda de toda imaginação humana? O todo imaterial de todos os pensamentos do homem?
Há perguntas que não podem ser respondidas. Há perguntas que não se respondem com vãs palavras (ou até com as mais preciosas delas); há ainda aquelas que são respondidas apenas com a imaginação; no descolamento da alma, de suas limitações tangíveis e determináveis, e que só podem, senão, propulsar o bem mais precioso de todos aqueles que vivem por um olhar: a reflexão.
Que soltem os ventos cálidos da primavera de hoje pela lembrança dos de outrora! Que façam gerir os germes do sonho dentro e fora dos corações rotos, pelas palavras-imagens dos que contam histórias!
As histórias acontecem dentro das fronteiras infindáveis entre o coração e a alma dos autores em imaginação; regidos que são pela força que os impele a escrita de mais uma linha, emaranhados de palavras, sentidos, gestos – pela estranha e inexplicável vontade atávica do homem a contar aos seus (e aos dos outros) as prosopopéias das inconstâncias vividas.
Mais algumas linhas podem aparecer no exercício da minha respiração, nesta tarde de domingo primaveril, silenciosa e nostálgica.
Mas como saber das linhas que estão por vir? Não saber é valor condicionante, necessário e profícuo para quem se lança nas imensidões de uma página em branco. Não saber é segredo que ainda não temos para contar; é o limiar entre os palácios infinitos da memória e os incontáveis olhos, que não vemos, fora deles.
Se olho para uma página em branco imagino-a repousada sob uma superfície de madeira escura e hachurada, contrastante e delimitadora de suas margens breves. Logo posso vê-la como uma fenda, buraco, passagem qualquer, independentemente do ângulo que se busque olhar, às dimensões indizíveis. Quanto a mim, prefiro o afastamento que vem do alto, do plano superior do meu olhar à baixo. Dali, parado, na concentração dos olhos da alma, passeio na fluidez pálida do papel, seus cantos e centros plurais, que me conduzem para além do infinito branco, em lugar tão maior do que o próprio infinito, que a sensação, em primárias palavras, poderia ser descrita como p e r d e r – s e. Em poucos instantes, tudo mais ao redor está desfocado, multiplica-se em camadas sobrepostas, derrama o branco na madeira, mergulha tudo no íntimo do mistério... e a pagina branca sou eu.