*foto de Laura Storch - O Ipê, abaixo da minha janela.
Amanhã fez sol no meu coração, depois de imaginar a chuva no dia de ontem.
Mas, hoje, preferi dizer que andava solto pela rua, sem prestar atençao no vazio que me acompanhará na chuva de ontem. Resolvi parar no meio da calçada lotada de um centro de cidade para lembrar da calma que me envadiu quando morri.
Eu morri amanhã.
E na frente que me aguarda, sentei-me sob um frondosa árvore, onde, agora lembro: marcarei um encontro pretérito com um amigo querido. Se cair uma folha dessa velha árvore enquanto eu sob ela estiver sentado, já sabia eu que de longe ele não viria! Esqueceria ele de lembrar que não há tempo que ande sem voltar atrás no passo que deu à frente.
Mas, Amigo meu, esquecido de mim, pelo tempo que viveremos, não adianda se jogar no futuro enquato presente, passado contínuo, se arrasta ao desalento... Caminhe com o amor que amarás, e venha à minha espera. Senta-te comigo e não me contes nada.
Amanhã a claridade foi tão grande que morri sorrindo.
Morri vivendo sol no coração; rua lotada de gente, árvore velha de sombra fácil, passo a passo do caminho que volta, morri.
Verde de coisas que não sei dizer, morri, assim voando solto para além de mim.